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28 de dezembro de 2010

Resgatando o Parto Normal



Acreditamos que humanizar o nascimento é adequá-lo a cada mãe, a cada pai, ou seja, à família envolvida em cada nascimento. A técnica não pode tornar-se mais importante do que as pessoas envolvidas!
O parto hoje tornou-se assunto exclusivamente médico, especialmente no Brasil onde as taxas de cesárea estão entre as mais altas no mundo, chegando à mais de 80% em alguns hospitais! Por isto falamos em resgatar o parto como um processo fisiológico normal da mulher. É neste sentido que o parto é nosso, devendo tornar-se evento médico somente quando a intervenção é realmente necessária. Veja em breve quais são as intervenções mais comuns.
As evidências científicas mostram que o fator determinante para uma boa experiência de parto é o quanto a mulher sentiu-se protagonista do evento, ou seja, qual o nível de controle que ela percebeu ter sobre o processo; o grau em que sua opinião foi ouvida; o nível de informação que lhe foi dada durante os procedimentos e se seu consentimento (para os procedimentos) foi percebido como sendo dado. Podemos resumir dizendo que a mulher tem necessidade de ser tratada como sujeito ativo e participante de todo o processo e não como mero objeto.
Como fazer para tornar-se protagonista de seu parto, do nascimento de seu filho, momento mobilizador de tantas emoções e carregado de tanto significado? Necessitamos tanto de informação quanto de apoio, daí a importância de se fazer uma boa preparação para o parto! Mas para quê nos preparar se o processo todo é tão normal? Justamente porque vivemos numa sociedade e numa cultura onde o parto não é mais visto como um processo normal - nós duvidamos da nossa capacidade de dar à luz!
Temos que conhecer as opções de parto, nos familiarizar com os procedimentos mais comuns, para poder decidir o que é que queremos para nós.... Veja a seguir alguns dos pontos mais importantes que devem ser levados em conta na hora de se pensar sobre o


A escolha por Parto Normal....
Seis razoes p você optar por parto normal....

Como a natureza quer: se o parto normal é o desfecho natural de uma gravidez, por que fugir dele antes mesmo de saber se uma cesárea é de fato indicada para o seu caso? “O ideal é que o bebê escolha o dia em que quer nascer”, diz o obstetra Luiz Fernando Leite, das maternidades Santa Joana e Pro Matre, em São Paulo. É claro que, na hora do parto, às vezes surgem complicações. Aí, sejamos justos, a cesariana pode até salvar a vida da mãe e do filho. “Mas, quando a cirurgia é agendada com muita antecedência, corre-se o risco de a criança nascer prematura, mais magra e com os músculos ainda não completamente desenvolvidos”, adverte o obstetra.
A criança respira melhor: quando passa pelo canal da vagina, o tórax do bebê é comprimido, assim como o resto do seu corpo. “Isso garante que o líquido amniótico de dentro dos seus pulmões seja expelido pela boca, facilitando o primeiro suspiro da criança na hora em que nasce”, explica Rosangela Garbers, neonatalogista do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba. Sem falar que as contrações uterinas estressam o bebê – e isso está longe de ser ruim. O hormônio cortisol produzido pelo organismo infantil deixa os pulmões preparados para trabalhar a todo vapor. A cesárea, por sua vez, aumenta o risco de ocorrer o que os especialistas chamam de desconforto respiratório. Esse problema pode levar a quadros de insuficiência respiratória e até favorecer a pneumonia.

Acelera a descida do leite: “Durante o trabalho de parto, o organismo da mulher libera os hormônios ocitocina e prolactina, que facilitam a apojadura”, afirma Mariano Sales Junior, da maternidade Hilda Brandão, da Santa Casa de Belo Horizonte. No caso da cesárea eletiva, a mulher pode ser submetida à cirurgia sem o menor indício de que o bebê está pronto para nascer. Daí, o organismo talvez secrete as substâncias que deflagram a produção do leite com certo atraso – de dois a cinco dias depois do nascimento do bebê. Resumo da ópera: a criança terá de esperar para ser amamentada pela mãe.

Cai o mito da dor: por mais ultrapassada que seja, a imagem de uma mãe urrando na hora do parto não sai da cabeça de muitas mulheres. Segundo Washington Rios, coordenador da maternidade de alto risco do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, não há o que temer. “A analgesia é perfeitamente capaz de controlar a dor”, afirma. Isso porque há mais de dez anos os médicos recorrem a uma estratégia que combina a anestesia raquidiana, a mesma usada na cesárea, e a peridural. “A paciente não sofre, mas também não perde totalmente a sensibilidade na região pélvica”, explica a anestesista Wanda Carneiro, diretora clínica do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo. Dessa forma, ela consegue sentir as contrações e até ajudar a impulsionar a criança para fora.

Recuperação a jato: 48 horas após o parto normal, a nova mamãe pode ir para casa com o seu bebê. Em alguns casos, para facilitar a saída da criança, os médicos realizam a episiotomia, um pequeno corte lateral na região do períneo, área situada entre a vagina e o ânus. Quando isso acontece, a cicatrização geralmente leva uma semana. Já quem vai de cesariana recebe alta normalmente entre 60 e 72 horas após o parto e pode levar de 30 a 40 dias para se livrar das dores.

Mais segurança: como em qualquer cirurgia, a cesárea envolve riscos de infecção e até de morte da criança. “Cerca de 12% dos bebês que nascem de cesariana vão para a UTI”, revela Renato Kalil, obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo. No parto normal, esse número cai para 3%. “A sensação da cesariana é semelhante à de qualquer outra cirurgia no abdômen. É, enfim, como extrair uma porção do intestino ou operar o estômago”, compara Kalil. E, convenhamos, o clima de uma sala cirúrgica não é dos mais agradáveis: as máscaras dos médicos, a sedação, a dificuldade para se mexer.





A dor..
A dor é inevitável o sofrimento é opcional.

PARA QUE SERVE A DOR?

Um dos maiores medos associados ao parto é o medo da dor. Os avanços da medicina permitiram o aparecimento de drogas cada vez mais sofisticadas que se não curam, pelo menos tiram a dor. A anestesia nos tira a dor e muitas das sensações físicas ligadas ao trabalho de parto. Dor de dente, dor de cabeça, dor de barriga, dor nas costas…
Por que conviver com a dor? Qual o significado da dor?
Na maioria das vezes, a dor é um sinal do corpo de que algo não está indo bem. Uma dor de estômago pode significar que comemos um alimento deteriorado. Uma dor de dente pode significar um nervo inflamado. Se não sentirmos a dor, se anestesiássemos todo o corpo, jamais sentiríamos dor. Mesmo com fraturas, úlceras ou cistites, o que seria muito perigoso! Não podemos, então, simplesmente poupar-nos da dor.
Outras vezes a dor é um aviso de que um músculo foi sobrecarregado, como quando carregamos um peso por muito tempo, ao fazermos exercício físico numa dose maior que a habitual. Essa dor freqüentemente nos dá prazer. Saber que os músculos doem de uma boa sessão de natação dá uma sensação de poder e vigor. E é comum que pensemos: "Ah! Amanhã já passou!". E lá vamos nós para mais uma aula de natação.
Às vezes sentimos a dor da perda, a dor do luto, a dor na alma. Essas dores acontecem porque somos gente, pensamos, sentimos, amamos e sofremos com as perdas. Sem amor não sentiríamos a dor da separação. No final percebemos que valeu a pena ter amado, com ou sem dor. Enriquecemos e crescemos com esses sentimentos. Se tomamos antidepressivos para nos livrar do luto, percebemos que nosso mal estar com o tempo vai piorar e que não há como escapar dessa dor, cedo ou tarde teremos que lidar com ela. Remédios aqui decididamente não funcionam…
A DOR DO PARTO

A dor do parto é diferente dos outros tipos de dor, por várias razões. Primeiro porque é uma dor intermitente. Vem com a contração, começando fraquinha e aumentando, até atingir o pico, quando começa a diminuir e desaparece completamente. No intervalo entre as contrações não há dor, pressão, incômodo algum. É como se nada tivesse acontecido há 4 minutos. Nesses intervalos dá tempo de relaxar, meditar, respirar profundamente e muitas vezes dormir.
Outro fato é que a intensidade da dor do parto varia de mulher para mulher e de gestação para gestação de acordo com diversos fatores: limiar individual, grau de relaxamento, intimidade como o ambiente, apoio de familiares e profissionais, preparação e outros tantos… É uma dor diretamente influenciada por fatores psicológicos, funcionais e emocionais. Quando estamos com medo, ficamos tensas, e a nossa tensão faz a dor aumentar. É um ciclo bem conhecido, o ciclo do medo-tensão-dor. Vale para qualquer tipo de dor.
Um terceiro fator que às vezes soa estranho é que a dor do parto é "esquecida". É freqüente ouvirmos as mulheres dizerem que tão logo o bebê está nos braços, a dor já foi completamente esquecida. É diferença daquelas cólicas menstruais que lembramos, algumas realmente inesquecíveis. Ou aquela dor de dente que destruiu nosso fim-de-semana. Se nos esforçarmos um pouco, dá pra sentir a danada de novo!
O certo é que uma boa experiência de parto significa, entre outras coisas, lidar com a dor normal inerente ao processo de abertura do colo do útero e aliviar ou eliminar as dores desnecessárias, provenientes de tensões, medos, ambientes impróprios, manobras médicas discutíveis ou presença de pessoas indesejadas.
E embora essa dor seja tão peculiar, lidar com ela não é muito diferente do que lidar com outras dores. Os recursos que podemos usar são universais: água morna, respiração, distração, encorajamento, carinho, apoio, balanço ritmado, massagem, relaxamento, meditação, oração, visualização, pressão, alongamento, respiração, vocalização, movimentação do corpo, ouvir música, cantar, gritar, gemer, chorar.
É claro que nem todos os recursos funcionam da mesma forma para toda mulher. Somos indivíduos diferentes. Nossos desejos, nossos desafios, o que nos move, tudo é individual. É bom lembrar que por isso mesmo qualquer procedimento médico ligado ao parto, não só aqueles ligados à dor, devem ser adotados individualmente e nunca rotineiramente. Rotina é para máquinas, não para gente e menos ainda para parturientes.
Quando nos sentimos confortáveis e seguras, aumentamos nossa capacidade de relaxar e assim nos concentrar no trabalho de parto. O trabalho de parto é feito de esforço, concentração, dedicação. Existem elementos ambientais, recursos humanos e técnicos que podem ser de grande ajuda nessa tarefa intensa de dar à luz um bebê





Parto Nomal realizado em Hospitais.

Você sente os primeiros sinais de trabalho de parto, liga para o médico e ele pede para que você o encontre na maternidade. Lá chegando você é examinada por uma enfermeira obstetriz, que avalia o estágio em que você se encontra, faz o exame de toque, faz algumas perguntas sobre o trabalho de parto e suas condições de saúde. Geralmente o médico já está a caminho e você será admitida, depois de preencher a ficha na recepção.
Você é levada a uma sala onde deve tirar toda a sua roupa, óculos, lentes de contato, brincos, roupa de baixo, fivelas, enfim, tudo o que estiver usando. Deve vestir um camisolão hospitalar aberto atrás, sem calcinha, um par de meias hospitalares e touca. Suas roupas são colocadas numa sacola que recebe uma etiqueta com seu número e é levada ao quarto onde você ficará internada após o parto.
Você é levada à sala de pré parto ou à suíte de parto, onde a enfermeira faz a raspagem dos seu pêlos pubianos e eventualmente aplica uma lavagem intestinal, dependendo do protocolo daquele hospital. Nessa hora alguns hospitais permitem que seu marido volte a ficar com você, se houve prévia autorização do obstetra por escrito.
Você passa então para a sala de monitoração fetal. É colocada deitada de costas com uma cinta amarrada à barriga, com dois "receptores" que medirão suas contrações e os batimentos cardíacos do bebê durante aproximadamente meia hora. O aparelho solta uma fita impressa com as curvas. Essa fita será lida pelo obstetra para ele avaliar se o bebê está bem.
De volta à sala de pré parto ou suíte de parto, a enfermeira instala um soro, geralmente num vaso da mão, para o caso de você precisar de um medicamento rapidamente ou de aceleração das contrações com hormônio sintético. Depois disso as horas se passarão entre aquelas quatro paredes. De vez em quando entrará uma enfermeira, ou seu médico, ou uma obstetriz, ou todos, perguntando se você está bem, fazendo eventuais exames de toque, monitorando a pressão arterial e os batimentos cardíacos do bebê. Se você estiver em uma suíte de parto, poderá tomar banho, se quiser.
Como regra, não é permitido que você beba água nesse período ou mesmo que leve objetos pessoais, aparelho portátil de CD, almofadas, bolsa de água quente, ou qualquer outra coisa que você tenha imaginado usar em seu trabalho de parto, por não serem objetos esterilizados. Algumas maternidades particulares permitem o uso de alguns objetos, desde que anteriormente especificado por escrito, pelo obstetra, na carta de internação.
Quando o trabalho de parto estiver avançado, e chegar a hora do parto propriamente dito, você será levada ao centro cirúrgico, de maca, e transferida para uma mesa de parto. Elas permitem que seu tronco seja ligeiramente elevado e que a extremidade seja rebaixada para que a região do quadril fique livre. Ao lado da mesa tem os estribos onde suas pernas ficarão apoiadas e um par de "remos" que você deverá segurar para fazer força.
Sobre a mesa de parto, as luzes especiais para focar a região entre as pernas (parto normal) ou a região da barriga (cesárea). Por toda a volta, você verá equipamentos variados para todo tipo de urgência médica. Isto inclui balão de oxigênio, aparelho de choque elétrico, carrinho de ressuscitamento, aspirador ou "vácuo", coluna de gases. Tem também uma mesa de instrumentos cirúrgicos e outra com material anestésico.
Você receberá então uma anestesia peridural, para que não sinta mais dor durante as contrações. Muito provavelmente o obstetra fará um corte no períneo (região entre a vagina e o ânus) que aumenta a abertura do canal do parto. Esse corte se chama episiotomia. As enfermeiras então darão as instruções de quando e como você deve respirar e fazer força, até que o bebê nasça. Eventualmente alguém da equipe empurrará sua barriga de cima para baixo, para forçar o bebê pelo canal de parto. Essa é a chamada "Manobra de Cristeler".
Logo que nasce, o bebê tem as vias aéreas succionadas com umas cânulas especiais, é embrulhado em panos estéreis e mostrado a você. Em seguida é levado à sala anexa, onde o pediatra neonatologista vai avaliar, pesar e medir, como parte dos protocolos de recepção dos recém nascidos. Enquanto isso você estará na fase final do parto, onde ocorre a eliminação da placenta e receberá os pontos da episiotomia.
Depois disso você passará algum tempo na sala de recuperação e em seguida irá para o quarto definitivo. Depois de algumas horas seu bebê será levado para a primeira mamada. Depois de dois ou três dias de internação, vocês receberão a alta hospitalar.







Profissionais do Parto:
Quem faz o quê?

Quem é quem na hora do parto?

Existem vários profissionais ligados à gestação e ao parto.
Nem toda gestante é atendida por todos eles, até porque existem diferentes profissões com a mesma função e diferentes modelos de atendimento obstétrico.

Médico Obstetra: é profissional mais conhecido, pelo menos no Brasil. O médico se forma em medicina e depois faz uma especialização na área de ginecologia e obstetrícia. Os obstetras podem atender partos em hospitais, clínicas ou em domicílio. Podem ser contratados por um hospital público ou privado, ou podem ter suas clínicas particulares, onde podem ou não aceitar convênios médicos. Eles atuam tanto nos partos normais como nos cirúrgicos (cesarianas). Também são responsáveis pelo pré-natal das gestantes. Nem sempre participam de todo o trabalho de parto, deixando às vezes esse acompanhamento para as enfermeiras dos hospitais ou uma enfermeira da equipe particular. No sistema privado a mulher escolhe seu médico para o pré-natal e parto. No sistema público os médicos trabalham em esquema de plantão e a parturiente geralmente não conhece o médico que irá atender seu parto.

Médico Pediatra Neonatologista: essa é a especialidade dos médicos que atendem os bebês assim que nascem. Fazem os primeiros exames, medem, pesam, aspiram quando necessário. Se o bebê requer cuidados especiais, ele é transferido à UTI neonatal para receber o atendimento especial. No entanto a grande maioria precisa apenas de alguma observação, que pode ser feita até no colo da mãe durante o pós-parto imediato. Os neonatologistas geralmente são contratados pelas maternidades, mas algumas permitem que a mulher leve seu pediatra de confiança.

Médico Anestesista: é o profissional encarregado da analgesia peridural ou raquidiana para o parto normal ou para a cesária. Geralmente é contratado pelo hospital, mas alguns trabalham com clínica privada, podendo ser contratados como parte da equipe de um determinado obstetra ou mesmo pela gestante que quer um atendimento mais exclusivo. No Brasil usa-se bastante o serviço dos anestesistas, pois quase 80% dos partos particulares são cesárias. E mesmo nos partos normais, o uso da anestesia é quase uma rotina.

Enfermeiras Obstetras: São enfermeiras com especialização nesta área. Estão habilitadas para atender os partos normais, mas não para realizar cirurgias cesarianas. O Ministério da Saúde tem incentivado a formação dessas especialistas e sua contratação por hospitais públicos para o atendimento aos partos de baixo risco. Nas casas de parto são elas que são responsáveis por todo o atendimento. Caso haja necessidade de intervenção especial, a parturiente é transferida para o hospital conveniado. No sistema de saúde privado elas são contratadas por hospitais para o acompanhamento e avaliação das parturientes, mas não para "fazer o parto" propriamente dito. No entanto elas podem atender partos domiciliares. Em seu treinamento elas aprendem também os primeiros cuidados com o recém nascido, inclusive em caso de complicação. Também podem se responsabilizar pelo pré-natal das gestantes, devendo encaminhá-las para médicos obstetras quando a gestação apresenta complicações.
Obstetrizes: antigamente havia a formação dessa profissional através de um curso técnico específico. O curso foi extinto e hoje atuam apenas a obstetrizes que se formaram até a década de 70. Suas funções são semelhantes às das Enfermeiras Obstetras. Em várias partes do mundo essas são as parteiras, "midwives", ou "sage-femmes", ou "comadronas" responsáveis pelos partos de baixo risco, tanto domiciliares como em hospitais ou em casas de parto. Esses cursos de formação duram entre 3 e 4 anos, dependendo do país e são muito completos.

Doula: São acompanhantes de parto que dão apoio físico, emocional e afetivo para a parturiente, através de massagens, dicas de respitação, posições, etc. Ficam o tempo todo com a parturiente desde o início do trabalho de parto, para diminuir a tensão provocada pelo ambiente hospitalar e pela presença de muitos profissionais desconhecidos do casal. Não fazem exames, nem atuam clinicamente. São contratadas pelas gestantes algumas semanas antes do parto. Alguns hospitais públicos possuem doulas voluntárias à disposição das parturientes.

Parteiras: conhecidas também por parteiras tradicionais, são as mulheres que aprenderam seu ofício na prática, geralmente auxiliando parteiras mais velhas. Muito ativas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, são responsáveis pelos partos domiciliares, especialmente em zonas rurais onde o acesso aos hospitais é difícil. Em alguns estados elas recebem incentivo do goverto, através da doação de materiais e cursos de reciclagem, onde aprendem novas técnicas que auxiliem no atendimento às parturientes.
Preparadoras, educadoras perinatais: são as responsáveis pela preparação para o parto, através de cursos em grupo ou individuais. A formação dessas profissionais é variada: psicologia, fisioterapia, educação física, etc... Algumas preparadoras focam a questão do condicionamento físico, ou seja, se concentram nos exercícios, hidroginástica, alongamento, etc.. Outras dão mais importância à preparação emocional, sendo o curso mais voltado às questões práticas do parto e maternidade. Obviamente existem outras formas de preparação, que podem ser explicadas pelas profissionais responsáveis.

Enfermeiras:
estão presentes nos partos hospitalares e atendem os médicos, fornecendo os materiais e serviços que eles solicitam. Elas não atendem partos. Algumas dão atendimento às parturientes, outras aos bebês recém nascidos nos berçários dos hospitais.
Auxiliares de enfermagem: também estão entre os profissionais que atuam dentro do hospital e prestam auxílio aos médicos e enfermeiras.
Instrumentadoras cirúrgicas: atuam especialmente durante a cesárea e são responsáveis pela preparação e entrega dos instrumentos ao médico conforme eles vão sendo solicitados
















Tipos de Parto


É comum encontrarmos artigos, ou mesmo cursos de preparação para gestantes, focados na questão dos "tipos de parto", que geralmente acabam artificialmente classificados da seguinte forma:
  • Parto Normal
  • Parto Vaginal
  • Parto Natural
  • Parto Fórceps
  • Parto de Cócoras
  • Parto na Água
  • Parto Humanizado
  • Parto sem Dor
  • Parto Leboyer
  • Cesariana
Em primeiro lugar, devemos pensar o seguinte: é possível classificar partos antes deles acontecerem?
Em segundo lugar: mesmo que fosse possível, é coerente achar que partos, nascimentos, bebês, mulheres possam ser classificados por tipos? Vamos fazer um balanço da história recente da obstetrícia, para entender porque e como os partos foram classificados.

A separação dos partos por tipos aconteceu em decorrência do nosso sistema obstétrico. Desde que o atendimento passou a ser hospitalar, feito exclusivamente pelos médicos, em macas horizontais, com as mulheres em posição ginecológica, a classificação ficou óbvia: "Parto Normal" ou "Cesariana". Não havia alternativa. Se a mulher não conseguia dar à luz nessas condições padronizadas, ia para a cesárea.
As condições padronizadas sob as quais as mulheres deveriam tentar o "Parto Normal" eram: separação do companheiro ou qualquer acompanhante, salas de pré-parto coletivas sem qualquer privacidade, impossibilidade de livre movimentação, soro com hormônios para acelerar as contrações e portanto encurtar o trabalho de parto, período expulsivo com a mulher deitada de costas, pernas amarradas a suportes, comandos para fazer força, enfermeiras empurrando a barriga da mulher, entre outras situações que variavam de serviço para serviço. Convém lembrar que em muitos hospitais do Brasil essa ainda é a regra, infelizmente, indo contra todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde.
Eventualmente o parto ficava difícil e havia a aplicação do fórceps alto (um instrumento que consiste de um par de colheres metálicas), que buscava a cabeça do bebê no canal de parto para puxá-lo para fora. Essas experiências eram traumáticas para a mãe e com freqüência lesavam irreversivelmente o bebê. Era o "Parto Fórceps" ou ainda "Parto a Ferro". Hoje em dia caiu em desuso e os médicos agora usam o "fórceps de alívio", quando o bebê já está mais baixo no canal de parto. Usado com parcimônia seria um excelente recurso para acelerar o período expulsivo em casos de emergêcia ou sofrimento fetal, lembrando que estas são ocorrências extremamente raras em partos de baixo risco. O uso rotineiro é desconselhado, o que vale para qualquer intervenção médica em um processo natural e fisiológico.

A partir da década de 70 o mundo inteiro testemunhou inúmeros movimentos pelo resgate do parto como um evento social, afetivo e familiar. Aqui e ali surgiram obstetras preocupados com o excesso de medicalização e grupos de consumidoras que lutavam por melhores condições para darem à luz seus bebês.

Na França, Leboyer foi um dos expoentes desse movimento e advogou uma forma mais amena de se nascer: pouca luz, silêncio, sem violência, banho do bebê perto da mãe, amamentação precoce. No entanto seu foco era o bebê, não a mulher. Geralmente esta estava deitada de costas, pernas em estribos e o uso da episiotomia era rotina. De qualquer forma, por seu pioneirismo, pela qualidade de nascimento oferecida ao bebê - mais do que pela qualidade de experiência de parto oferecida à mãe - no mundo inteiro esses partos ficaram conhecidos por "Parto Leboyer".

Ainda na França, na cidade de Pithiviers, Michel Odent, entre várias inovações dignas de mérito, começou a usar banheira com água quente para o conforto das parturientes. De lá para cá, o "Parto na Água" tem sido utilizado no mundo inteiro, em banheiras especiais ou improvisadas. Nas maternidades européias as banheiras são oferecidas às parturientes tanto para o alívio das dores do trabalho de parto, como para o parto em si. Estudos científicos comprovam que o uso da água quente no trabalho de parto é um excelente coadjuvante no combate à tensão e à dor. No Brasil pouquíssimas clínicas e médicos oferecem esse conforto às pacientes, infelizmente.

Onde havia liberdade para movimentação das mulheres, o "Parto de Cócoras" ganhou terreno, por ser mais rápido, mais cômodo para a mulher e mais saudável para o bebê, pois não se produzia mais a compressão de importantes vasos sanguíneos, o que acontece com a mulher deitada de costas. No Brasil o Dr. Moysés Paciornik estudou comunidades indígenas e resgatou o parto verticalizado. Criou com seu filho Dr. Cláudio Paciornik uma cadeira para ser usada em hospitais, que permitia várias posições para a mãe, sem comprometer o conforto do médico. Embora não haja necessidade de cadeiras especiais para que a mulher assuma essa posição, muitos profissionais afirmam que não fazem partos de cócoras porque no hospital não existe "a cadeira para parto de cócoras" à disposição.

Desde os anos 80, com a popularização das questões ecológicas, e com os movimentos de resgate de uma vida mais saudável, natural e espiritualizada, muitas mulheres passaram a optar pelo "Parto Natural", sem intervenções, sem anestesia e domiciliar em muitos casos. No entanto o termo "Parto Natural" muitas vezes tem sido utilizado como sinônimo de "Parto Vaginal", o que nem sempre é verdadeiro. Um parto vaginal com episiotomia, rompimento artificial da bolsa d'água, aceleração com soro, anestesia, raspagem dos pêlos, entre outras intervenções, não pode ser classificado com o nome de "Parto Natural".

O termo "Parto Sem Dor" tem várias conotações. Os métodos psicoprofiláticos desenvolvidos especialmente nos Estados Unidos propunham uma espécie de treinamento às gestantes, baseado em técnicas respiratórias, de relaxamento, de concentração, entre outas. A idéia geral é que uma mulher bem preparada para o parto e bem acompanhada durante todo o processo terá muito menos dor do que uma mulher assustada e tensa. A idéia faz sentido, mas convém lembrar que a dor do parto continua existindo, agora sem o sofrimento causado por medo e tensão. Os métodos mais conhecidos são Bradley, Lamaze e Hipnobirth.

No Brasil "Parto Sem Dor" é comumente confundido com parto sob anestesia. Obviamente a anestesia bloqueia a dor, mas também diminui as sensações das pernas e do assoalho pélvico. Essas sensações são responsáveis pela força que a mulher faz na hora de "empurrar" o bebê para fora. Portanto, embora haja o bloqueio a dor, alguns efeitos indesejáveis como a perda do controle sobre o processo do parto, entre outros, podem ocorrer. Em muitos serviços médicos a anestesia é aplicada no final do trabalho de parto, já no período expulsivo, de modo que o período de dilatação não se passa sob efeito das drogas anestésicas. De qualquer modo, as formas naturais de se lidar com a dor deveriam ser largamente oferecidos e utilizados antes de serem aplicados os métodos farmacológicos de bloqueio da dor.

Atualmente um novo termo tem sido utilizado: "Parto Humanizado". Como não houve uma formal definição do termo, ele é usado em todo tipo de circunstância. Para o Ministério da Saúde, parto humanizado significa o direito que toda gestante tem de passar por pelo menos 6 consultas de pré-natal e ter sua vaga garantida em um hospital na hora do parto. Para um grupo de médicos, significa permitir que o bebê fique sobre a barriga da mãe por alguns minutos após o parto, antes de ser levado para o berçário. Em alguns hospitais públicos significa salas de partos individuais, a presença de um acompanhante, alojamento conjunto, incentivo à amamentação, entre outros benefícios.

No mundo inteiro, no entanto, o que está se discutindo é: "o atendimento centrado na mulher". Isso deveria ser o correto significado de parto humanizado. Se a mulher vai escolher dar à luz de cócoras ou na água, quanto tempo ela vai querer ficar com o bebê no colo após seu nascimento, quem vai estar em sua companhia, se ela vai querer se alimentar e beber líquidos, todas essas decisões deverão ser tomadas por ela, protagonista de seu próprio parto e dona de seu corpo. São as decisões informadas e baseadas em evidências científicas.

Enquanto nós mulheres não reivindicarmos nossos direitos, enquanto as decisões couberem aos profissionais prestadores de serviços médicos, aos hospitais que elas escolheram, à diretoria que cria as condições de atendimento, enfim, enquanto deixarmos que os outros cuidem do que é nosso, os "tipos de parto" fazem sentido. É a classificação dos partos que nos serão permitidos ou oferecidos de acordo com as necessidades, conveniências e crenças dos outros.

















Parto Humanizado


O que é "Parto Humanizado"?
Esse nome está na boca dos médicos, enfermeiras, hospitais, ministério e secretarias de saúde... Todo mundo fala em parto humanizado. Mas o que significa esse termo?
A idéia de se humanizar o parto vem do fato de que muitos serviços médicos ignoram as recomendações da Organização Mundial da Saúde, do Ministério da Saúde e outros órgãos que regulamentam o atendimento ao parto.
Vejas algumas das intervenções que são condenadas mas que continuam em prática na maioria dos hospitais e muitos privados.
INTERVENÇÃO PORQUE AINDA É FEITA PORQUE DEVERIA SER ABOLIDA
A proibição da presença de um(a) acompanhante, que já é garantida por lei estadual em muitos Estados... Alega-se que o acompanhante atrapalha ou que não há espaço para eles. O(a) acompanhante dá mais tranqüilidade à parturiente e inibe abusos da equipe hospitalar.
Lavagem intestinal... Diz-se que faz acelerar o trabalho de parto e que as fezes poderiam contaminar o bebê. É incômodo para a maioria das mulheres e estudos comprovam que seu uso não traz as vantagens alegadas.
Raspagem dos pêlos pubianos... É feita porque acredita-se que o parto fica mais "higiênico". Pode haver inflamação local e o crescimento dos pêlos é incômodo. Seu uso é comprovadamente desnecessário.
Uso de violência verbal e psicológica, frases do tipo "não grita, ou eu não vou te ajudar", "na hora de fazer você não gritou", etc.. Acredita-se que palavras de ordem e broncas possam acalmar mulheres assustadas e nervosas e assim organizar o serviço médico. O que faz uma mulher gritar e perder o controle no trabalho de parto, geralmente pode ser resolvido com carinho, um afago e um pouco de atenção.
Uso rotineiro de soro com hormônio ocitocina... Porque provoca mais contrações e assim faz com que o parto seja mais rápido e o leito seja liberado. As dores do parto com ocitocina ficam insuportáveis e podem provocar sofrimento fetal.
Jejum durante o trabalho de parto... Diz-se que no caso de uma cesárea, pode haver problemas de aspiração do alimento. O jejum provoca fraqueza, o que pode causar sérios problemas no parto. O evento de aspiração é tão raro, que não pode ser usado como justificativa.
Restrição da movimentação, fazendo com que a mulher fique deitada durante todo o trabalho de parto...
Alega-se que não há espaço nos centros obstétricos para as mulheres caminharem e mudarem de posição. Diz-se que é mais "seguro". Estudos provaram há muito tempo que a mulher deve ter liberdade de posição e movimentação durante todo o trabalho de parto e parto.

Parto em posição ginecológica, com a mulher deitada de costas com as pernas para o alto... Facilita a ação e intervenção do médico. Faz o parto ser mais lento, diminui a oxigenação do bebê, é desconfortável para a mulher.
Uso rotineiro de episiotomia (corte para aumentar a abertura da vagina) em 70-80% dos partos normais, quando o recomendado é 15-20%... Alega-se que a episiotomia é necessária. Na verdade há uma grande desinformação dos médicos e serviços médicos sobre a necessidade desse procedimento. Aumenta a chance de sangramentos, inflamações e infecções. Pode causar problemas na relação sexual. Pode provocar incontinência urinária.
Separação do bebê logo após o parto, sem que ele e a mãe possam se tocar, se olhar e ter a primeira chance de amamentação...
É feito para que o bebê seja examinado e lavado. O pós-parto é o momento mais importante para a mãe e o bebê estabelecerem o vínculo. A amamentação precoce faz a saída da placenta ser mais rápida, com menos sangramento.

Percebe-se que há um longo caminho a se percorrer em nossos hospitais e maternidades, até que as mulheres tenham acesso a um atendimento ao parto seguro, acolhedor e que respeite suas necessidades físicas, emocionais, psicológicas, sociais e espirituais.
O Parto Humanizado é muito mais do que um parto feito por seres humanos, como definem alguns, ou o direito a uma vaga em maternidade, ou o direito a seis consultas de pré-natal. Humanizar o parto é dar às mulheres o que lhes é de direito: um atendimento focado em suas necessidades, e não em crenças e mitos.
Está na hora das mulheres começarem a lutar por esses direitos, alguns já garantidos por lei, outros já comprovados por inúmeros trabalhos científicos e largamente difundidos no mundo inteiro. É a partir das nossas exigências que os serviços médicos serão forçados a se atualizar e oferecer um verdadeiro atendimento humanizado.



Parto de Cócoras


Desde a mais remota antigüidade as mulheres procuravam posições que facilitassem o parto. Nas gravuras antigas o mais comum é ver mulheres ajoelhadas, de cócoras, ou em banquinhos baixos de parto. De um jeito ou de outro o que se observa é que as costas estão em posição vertical. A posição das pernas é variável.
Também é muito comum ver nessas figuras alguém dando suporte por trás, segurando a parturiente por baixo dos braços. Às vezes é um homem, em outras é uma mulher. Até hoje, nas comundades nativas (índios brasileiros, por exemplo) o parto ainda acontece dessa forma.
É claro que estamos falando aqui do parto em si, e não do trabalho de parto, que pode durar horas e até dias. A posição de cócoras é vantajosa durante o período expulsivo, que dura de alguns minutos a uma hora, na maioria dos casos. Durante todo o trabalho de parto a mulher deve ficar em poses variadas, sentada, ajoelhada, andando, etc.
Na civilização ocidental, com a entrada da figura do obstetra no parto, as mulheres foram colocadas deitadas de costas em mesas cada vez mais específicas, com as pernas abertas, para que a região genital pudesse ser bem observada. E assim é que funciona até hoje, para a maioria dos médicos e hospitais.
Por outro lado vários artigos já foram publicados enumerando as vantagens do parto verticalizado em relação à posição de litotomia (deitada de costas).
Entre as vantagens podemos citar algumas:
- O parto é mais rápido, pois é auxiliado pela gravidade;
- A oxigenação do bebê é melhor, pois não ocorre a compressão da veia cava pelo peso do útero;
- A necessidade de episiotomia é menor;
- A mulher se sente mais no controle da situação;
- O companheiro tem uma participação mais ativa ao prover o suporte da posição
A desvantagem é que os médicos não conseguem controlar o parto da forma como foram ensinados.
Pensando nisso foi criada uma cadeira para parto de cócoras, onde a mulher fica em uma altura suficiente para que o obstetra fique com um bom campo visual. No entanto, um fenômeno curioso tem ocorrido. Alguns hospitais que adquiriram a cadeira alegam que há pouca procura e que elas foram "encostadas". Muitos obstetras afirmam que não fazem parto de cócoras porque não têm a cadeira especial à diposição.
A realidade é que não há necessidade de cadeiras especiais para se fazer um parto de cócoras. Basta que a mulher suba na cama comum, ajoelhada entre as contrações e acocorada na hora das contrações, apoiando-se de um lado no companheiro, do outro em uma enfermeira ou auxiliar. Também é possível para o companheiro ficar sentado sobre a banqueta que fica ao lado da cama, enquanto a parturiente se acocora e se apoie nas pernas abertas do companheiro, de costas para ele.
Enfim, um pouco de boa vontade, criatividade e confiança no instinto da mulher são suficientes para se fazer um parto de cócoras em qualquer ambiente, hospitalar ou não. Muitas vezes a presença da doula pode ser uma fonte de inspiração e sugestões para um médico que há muito tempo não presencia um parto natural. Para eles é difícil fugir dos protocolos que imperam na instituição, mas depois que o fazem, ficam surpresos com os resultados e muitas vezes emocionados.
Com relação à preparação, não há necessidade de ser uma atleta ou uma índia para parir de cócoras. O hábito de se agachar durante a gestação, ou mesmo ficar alguns minutos de cócoras diariamente, por exemplo na hora da TV, já é o suficiente. Mas mesmo uma mulher sem essa preperação, que não costuma ficar acocorada, pode perfeitamente ficar alguns minutos nessa posição durante as contrações do período expulsivo.
No entanto a posição melhor para o parto não é a de cócoras, deitada, de quatro ou de joelhos. A melhor posição é aquela que a mulher escolhe, por se sentir melhor e mais no controle de seu processo de parto. Esse deveria ser o objetivo da obstetrícia e da boa assistência ao parto: oferecer um ambiente de parto onde a mulher possa se concentrar naquilo que seu corpo pede.


Parto na Água

No mundo inteiro, cada vez mais mulheres têm procurado formas alternativas para dar à luz. Ouve-se falar em parto de cócoras, parto natural, parto domiciliar, parto na água e por daí por diante.
No Brasil, embora as mulheres têm começado a demonstrar mais interesse pelo assunto, são ainda poucas as opções de partos mais naturais que são oferecidas. No serviço particular, cerca de 80% dos partos são cesáreas. Dos 20% normais, quase todos são feitos com a mulher deitada, com as pernas em estribos, anestesiada, dentro de centros cirúrgicos. Apenas uma pequena fração dos partos normais acontecem de forma mais natural ou "fisiológica", para usar o termo técnico.
As razões para esse descompasso em relação a outros países são várias. Entre elas estão a cultura médica, interesses financeiros, desconhecimento da classe médica e da população e falta de ambientes adequados.
O parto na água é uma modalidade de nascimento onde a mulher fica dentro da água durante o período expulsivo de modo que o bebê chega ao mundo no meio aquático, exatamente como estava no útero. A água é aquecida a 36ºC, o ambiente geralmente fica à meia luz e o pai ou acompanhante pode entrar na banheira com a futura mãe.
Esses nascimentos costumam ser muito suaves e calmos e muitos bebês sequer choram quando são trazidos à tona para o colo de suas mães.
Alguns médicos alegam que esse parto não é seguro, porque o bebê pode aspirar água. Na verdade os registros de incidentes nos partos aquáticos são muito raros e comparado com partos na mesa ginecológica o parto na água não perde em segurança, mas ganha em qualidade do nascimento.
Outros profissionais alegam que na água não dá para fazer a episiotomia. Este argumento é falho já que a questão é que no Brasil faz-se mais episiotomia que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde e outros órgãos de saúde. Na água morna o períneo fica bastante relaxado em relação ao parto tradicional, e as rupturas são raras e geralmente muito superficiais. A episiotomia nesse tipo de parto embora seja possível, é desnecessária em quase todos os casos.
O uso da banheira também pode ser iniciado antes do período expulsivo, para relaxamento e para a suavização das sensações do trabalho de parto. As contrações ficam menos fortes e o bebê pesa menos sobre o colo do útero. Muitas mulheres saem instintivamente da água na hora do bebê nascer, preferindo ficar sobre um colchão, de cócoras, deitada em posição semi-reclinada, ou até de lado (posição de Sims).
Aqui no Brasil, conhecemos três profissionais que oferecem o parto na água como uma das possibilidades de atendimento: um em Campinas, um no Rio de Janeiro e um em Salvador.












Nos hospitais que oferecem banheira nas salas de parto, essas são estreitas e não servem para o período expulsivo. No entanto são ótimas para o relaxamento durante o trabalho de parto. Por outro lado é possível um parto na água em casa e para isso usa-se uma piscina desmontável, dessas infantis, que pode ser enchida com água do chuveiro. É só usar a criatividade...



Doula, Monitora, Assistente ou Acompanhante de Parto

Essa nobre função na assistência ao parto começa a aparecer no Brasil nos últimos anos, embora já seja usada há muito tempo em países do mundo todo. O nome "doula" vem do grego "mulher que serve" e indica aquela que dá suporte físico e emocional à parturiente.
Antigamente era comum a futura mãe ser assistida ao longo do trabalho de parto por outras mulheres mais experientes, vizinhas, parentes, mulheres que já tinham filhos e já haviam passado por aquilo.
Conforme o parto foi sendo tratado como assunto médico, os eventos foram ocorrendo basicamente em hospitais e maternidades, com a assistência de uma equipe especializada: o médico obstetra, a enfermeira obstetriz ou obstetriz, a enfermeira ou auxiliar de enfermagem, o pediatra. Cada um com sua função bastante definida.
Ficou uma grande lacuna: quem cuida do bem estar físico e emocional daquela mãe que está dando à luz? Essa lacuna pode e deve ser preechida pela doula ou acompanhante do parto.
Apesar de ser uma função antiga, é paradoxalmente, hoje em dia que uma acompanhante de parto se torna imprescindível. O ambiente mecanizado de grande hospitais e a presença de grande número de pessoas desconhecidas tende a fazer aumentar o medo, a dor e a ansiedade na hora do parto. Se o parto é também um momento emocional e afetivo, é de apoio igualmente emocional e afetivo que uma mulher precisa. Daí a importância da doula.
O que faz a doula?
No Brasil existem basicamente dois modelos de atuação para a doula: institucional e particular. No modelo institucional a doula é contratada ou voluntária de um hospital e oferece conforto e apoio às parturientes durante seu período de expediente. Não conhece as mães previamente, mas podem ser de grande ajuda já que a equipe da enfermagem pode apenas oferecer poucos minutos a cada mulher.
No modelo particular, a doula geralmente é também a preparadora para o parto. Durante a gestação faz um trabalho de aconselhamento e educação para o trabalho de parto e puerpério (pós-parto). Quando a mulher entra em trabalho de parto, a doula passa a acompanhá-la, dando sugestões, oferecendo massagens, mostrando ao companheiro como ele pode ser útil, dando suporte também a ele, assegurando ao casal que tudo está indo bem e assim por diante.
A doula então acompanha o casal ao hospital, maternidade, casa de parto, clínica, ou mesmo ficando em casa, se o parto domiciliar foi a opção daquele casal. Até o nascimento do bebê, o papel da doula será de fundamental importância. Ela serve como um amortecedor entre os complicados termos médicos, os procedimentos hospitalares, a eventual frieza da equipe de atendimento e aquela mulher que se encontra no momento mais vulnerável de sua vida. Ela também ajuda a parturiente a encontrar posições mais confortáveis para o trabalho de parto e parto, mostra formas eficientes de respiração e propõe medidas naturais que podem aliviar as dores, como banhos, massagens, relaxamento, etc..
A doula e o pai ou acompanhante
A doula não substitui o pai (ou o acompanhante escolhido pela mulher) na sala de parto, muito pelo contrário. O pai geralmente não sabe bem como se comportar naquele momento. Preocupa-se tanto com a companheira que esquece de suas próprias necessidades. Não sabe necessariamente que tipo de carinho ou massagem a mulher está precisando nessa ou naquela fase do trabalho de parto. E eventualmente sente-se tolhido em demonstrar suas emoções, com medo que isso atrapalhe sua companheira. A doula vai ajudá-lo a confortar a mulher, vai mostrar os melhores pontos de massagem, vai sugerir formas de prestar apoio à mulher na hora da expulsão, já que muitas posições ficam mais confortáveis se houver um suporte físico.
O que não faz a doula?
A doula não faz qualquer procedimento médico, não faz exames, não cuida da saúde do recém-nascido, de modo que não substitui qualquer dos profissionais tradicionalmente envolvidos na assistência ao parto.
Vantagens
As pesquisas mais recentes demosntram que o uso da doula no parto pode:
diminuir em 50% as taxas de cesárea
diminuir em 20% a duração do trabalho de parto
diminuir em 60% os pedidos de anestesia
diminuir em 40% o uso da oxitocina
diminuir em 40% o uso de forceps.
Embora esses números refiram-se a pesquisas no exterior, é muito provável que os números aqui sejam tão favoráveis quanto os acima mostrados.
Treinamento
A formação das doulas particulares tem sido feita individualmente, cada uma com sua bagagem e experiência. No Brasil o primeiro curso de formação de doulas surge em 2001, em Campinas. De 2002 para cá já existem cursos regulares. Já as doulas de atuação institucional são treinadas no próprio hospital onde vão trabalhar.
Onde encontrar uma doula e mais informações sobre o assunto?





Liberdade no Parto:
O Verdadeiro Parto Normal

Como é que uma parturiente se comporta quando segue seus instintos e a lógica fisiológica de seu corpo?
No verdadeiro parto normal, a mulher está literalmente ativa, assumindo e mudando de posições conforme seu corpo pede. Este é o parto mais antigo do mundo, praticado há séculos nas mais variadas culturas (Conheça o parto em outras épocas e localidades).
Espontaneamente, a posição mais adotada na hora da expulsão é uma posição vertical (de cócoras, de quatro etc.). É a posição que mais facilita a descida do bebê e que faz mais sentido do ponto de vista anatômico e fisiológico.
O uso da água durante o trabalho de parto e parto também ajuda muito, especialmente no alívio da dor. Por isto, em vez de falar em “tipos” de parto (deitada, sentada, de cócoras, na água etc) como se fossem equivalentes e a posição um mero detalhe, preferimos insistir na filosofia por trás do parto humanizado (assim como nós o entendemos). Trata-se do parto onde a mulher é livre para fazer e agir conforme suas necessidades, deixando de ser uma paciente passiva, objeto de conduta médica.
As evidências científicas também apontam para o fato de que o parto ativo (em que a mulher vai se movimentando e assumindo as posições que o corpo pede), é mais seguro, rápido e menos doloroso do que aquele passivo em que a mulher fica deitada a maior parte do tempo....este último é o que conhecemos como sendo parto normal no Brasil!
É importante que se compreenda que as intervenções médicas que associamos ao parto como: episiotomia (corte no períneo), uso do fórceps, anestesia peridural, indução e cesariana, feitas rotineiramente aqui no Brasil, indo contra as recomendações da OMS (por sua vez, baseadas nas mais recentes evidências científicas), são em grande parte necessárias justamente pela falta de mobilidade e liberdade da mulher na hora do parto.





Depois de uma cesárea, posso ter um parto normal?

A resposta é SIM. Como regra o parto normal sempre é mais seguro que a cesariana, uma cirurgia que têm suas complicações já conhecidas. (Veja artigo sobre riscos da cesárea). Existe risco de complicação de aproximadamente 0,6 % a cada vez que uma mulher é operada. De modo geral, a cesárea tem 4 vezes mais risco de morte materna e 10 vezes mais risco de morte neonatal. Essa taxa se repete no mundo todo, independente das condições tecnológicas em que são feitas as cesáreas.

No caso do parto normal após cesárea (PNAC), o principal risco é o de ruptura uterina. A taxa de ruptura uterina nos PNAC é de 0,5%. Caso ocorra uma ruptura, a mulher deve ser imediatamente operada para que o bebê seja retirado e a abertura seja fechada. No entanto deve-se lembrar que a ruptura uterina também ocorre em mulheres que nunca engravidaram ou foram operadas, bem como antes do início do trabalho de parto.

A questão primordial é: não existe parto sem risco, não existe nada na vida sem risco. Viver tem sua taxa de risco, mas deixar de viver não é uma opção. Quando uma mulher (ou um médico) opta pela cesárea para evitar a ruptura, ela não está eliminando o risco. Ela está trocando uma taxa por outra.

Quem então deve escolher se vai ter um parto normal ou cesárea?

Obviamente é a mulher, pois ela é quem deverá assumir as consequências de sua escolha. O médico será seu parceiro nessa escolha. É quem vai estar atento caso seja necessária uma intervenção, nos raros casos em que isso aconteça.

Porque então os médicos dizem que depois de cesárea é arriscado um parto normal?

Duas razões principais: a primeira é que obstetras são cirurgiões. Bons cirurgiões. Não são necessariamente bons parteiros e a maioria deles tem o olhar treinado para a anormalidade e não para a normalidade em suas mais variadas formas. A segunda é que a maioria dos médicos privados no Brasil prefere o parto cirúrgico de qualquer forma, tanto no primeiro parto, com nos seguintes, a qualquer idade ou situação de saúde. Isso é facilmente constatado pelas pesquisas recentes e pelas atuais taxas de cesárea. A questão médica normalmente acaba sendo: como justificar a escolha da cesárea? E se uma mulher já tem uma cesárea prévia, então já há uma justificativa pronta.

Então como faço se quiser ter um parto normal?

A mulher que quer ter um parto normal depois de cesárea na rede privada deve encontrar um médico que dê preferência ao parto normal sempre (não só no discurso como na prática, obviamente). (Entre em contato com o site Amigas do Parto para obter indicações). Na rede pública isso não é mais um problema, pois a maioria já adota a regra de tentar o parto normal antes de qualquer medida. O problema maior na rede pública é o abuso no uso do "soro", ou seja, o hormônio sintético ocitocina, como será discutido abaixo.

Toda mulher que teve cesárea pode ter um parto normal?

A imensa maioria pode, pois no Brasil a maioria das mulheres estão passando pela cesárea sem indicações claras e precisas. Geralmente a justificativa é "falta de dilatação", "passou da hora", "cordão enrolado no pescoço", todos esses argumentos bastante discutíveis. É apenas uma minoria que foi operada por ter problemas reais na bacia ou outra justificativa séria. Alguns fatores devem ser observados, no entanto. Se a operação foi feita com aquele corte baixo, na linha do biquini, então os riscos são de fato muito baixos. A operação feita de cima a baixo, o corte vertical, a princício traz um aumento do risco de ruptura. O outro ponto é o número de cesáreas prévias. Como em cada cirurgia o útero é cortado em um local diferente, quanto mais cirurgias, mais cicatrizes uterinas. No entanto a literatura cita com alguma frequência os partos normais depois de duas, três e até quatro cesáreas. No serviço público essas histórias são mais comuns, pois as mulheres já chegam no período expulsivo e não dá mais tempo de operar, mesmo que os médicos achem indicado.

Se eu quero um Parto Normal após Cesárea, o que devo evitar?

O mais importante é evitar o uso dos indutores e aceleradores de parto prostaglandina e misoprostol (citotec), que aumentam muito a força das contrações e portanto fazem aumentar o risco de ruptura. A ocitocina também deve ser evitada pois, embora seja menos prejudicial que os dois primeiros medicamentos, também aumenta a força das contrações uterinas.

É verdade que o Parto Normal após Cesárea só pode ser feito com fórceps?

Não, essa informação está totalmente equivocada. Muitos médicos dizem isso, e sabem que diante dessa ameaça a maioria das mulheres opta por uma cesárea eletiva. A verdade é que o uso do fórceps só deve ocorrer em caso de sofrimento fetal agudo. É um evento muito raro. Muito mais eficiente do que o uso do fórceps é permitir que a mulher fique semi-sentada, com o corpo o mais ereto possível, de preferência de cócoras, para ter força de expulsão. Infelizmente o fórceps tem sido muito mais utilizado por causa da ansiedade da equipe do que pela necessidade real.

Eu posso tomar anestesia em um Parto Normal após Cesárea?

A princípio pode, mas como em qualquer parto, deve ser usada em casos restritos, pois ela pode induzir o aparecimento de efeitos indesejáveis como a perda da força de expulsão, a desaceleração do trabalho de parto, a queda da pressão arterial e outros efeitos também sobre o bebê. No caso de se optar pela analgesia, ela deve ser a mais fraca possível (como em outros casos). Primeiro para afetar o menos possível o risco de desaceleração do parto e assim não haver necessidade de se usar ocitocina para correção do ritmo das contrações. Em segundo lugar, caso ocorra um raro evento de ruptura, a mulher poderá dizer que algo aconteceu.

Se eu sofrer uma ruptura uterina, como saberei?

Nas raríssimas vezes em que ocorre uma ruptura, a mulher percebe que algo está acontecendo. O primeiro sinal é que a dor aumenta muito e de repente. O segundo sinal é que entre as contrações a dor não diminui. O terceiro é uma dor nos ombros, perto do pescoço. Nesse caso a equipe deverá estar atenta e efetuar a cirurgia. Convém lembrar que esses são os sinais para qualquer ruptura uterina, em mães com primeira gestação, mulheres que não tiveram cesárea anterior, etc.





Essa é uma lista bem humorada de perguntas a se fazer ao seu obstetra. Na verdade é um teste para verificar que tipo de médico ele é: do mais intervencionista ao mais liberal. Apesar do tom informal, as "respostas certas" foram inspiradas nas evidências científicas e nas recomendações da Organização Mundial da Saúde.
1) Qual a sua postura em relação à "cesárea x parto normal"?
a) O parto normal é o melhor, mas só dá para saber na hora.
b) Hoje em dia não faz sentido ter bebê por parto normal, com as técnicas de cirurgia tão avançadas e seguras. A recuperação é rápida e graças aos novos antibióticos, antinflamatórios, antitérmicos e analgésicos, você pode ter uma vida quase normal em menos de 2 meses.
c) O parto normal é melhor, mas na sua idade (ou com o seu peso, ou nessa época do ano, ou para uma pessoa sensível como você) a cesárea é mais garantida.
d) O parto normal é melhor e pelo menos 90% das mulheres podem dar à luz naturalmente. Você também tem tudo para ter um parto normal e nós vamos nos preparar para isso!

2) Quais intervenções no parto você considera essenciais?

a) O que eu uso nos partos é o soro com ocitocina (hormônio) para acelerar as contrações, episiotomia (corte no períneo) e rompimento da bolsa aos 5 cm de dilatação. Mas às vezes tenho outras idéias durante o parto. Depende do dia e dos meus compromissos.
b) Eu uso as intervenções apenas em raros casos, até porque a maioria delas podem ter efeitos colaterais indesejáveis. A natureza pensou em tudo, para a grande maioria das mulheres.
c) Só a anestesia, porque acho que a mulher não deve sentir dor. O resto varia de mulher para mulher.
d) Só a episiotomia, porque o parto pode destruir a vagina da mulher e provocar incontinência urinária.

3) Em que posição posso dar à luz? Posso ter um parto de cócoras?
a) Ra ra ra ra.... Parto de cócoras? Você não é índia, é? A mulher de hoje não tem musculatura para ficar de cócoras. Você quer ser partida ao meio, minha filha?
b) Semi-reclinada, pois no centro obstétrico da maternidade onde atendo, tem uma mesa de parto que permite que a paciente eleve um pouco as costas.
c) Da forma que você se sentir mais confortável, podendo ser de cócoras, de quatro, de lado ou de outro jeito que você inventar. A única posição que eu procuro não incentivar é deitada, porque o bebê pode ter o suprimento de oxigênio comprometido.
d) Como assim? Existe outra posição para dar à luz que não seja deitada?

4) Qual será sua postura caso eu recuse alguns procedimentos que você esteja recomendando?
a) O parto é seu. Você decide o que é melhor. Se eu indicar um procedimento, vou te explicar porque, vantagens e desvantagens, mas quem tem que resolver é você.
b) Eu não recomendo procedimentos. Eu faço. Na hora do parto você não tem condições de discutir o que é bom para você. Aliás, desde o início da gravidez a mulher tem o comportamento alterado, bem como a capacidade de discernimento.
c) Eu terei que abandonar o atendimento e chamar um plantonista, pois não quero me responsabilizar pelas desgraças que podem acontecer ao seu bebê.
d) Você não tem o direito de recusar um procedimento que está sendo prescrito para o bem do seu bebê.

5) Até quanto tempo você espera na gestação, antes de indicar procedimentos por "passar da data"?
a) Eu espero até 40 semanas. Depois disso faço a cesárea. Nem tento a indução, porque é tempo perdido. Ou você prefere arriscar a vida do seu filho e viver com esse peso pro resto dos seus dias?
b) A gestação normal vai de 38 a 42 semanas. O que eu proponho é um cuidado mais intenso depois que passa de 41 semanas. Mas a princípio, enquanto o bebê e a placenta estiverem bem, eu não faço nada. Passadas 42 semanas, podemos começar a pensar em indução do parto.
c) Eu espero até 40 semanas. Depois disso interno para induzir com soro.
d) Eu espero até 41 semanas e depois interno para induzir com citotec.

6) Você tem o hábito de pedir permissão e informar tudo o que você acha necessário fazer durante a gestação e o parto?

a) Como assim, pedir permissão? Eu estudei 10 anos, trabalho há 15 anos com partos e sei o que estou fazendo. Se for pedir permissão para fazer tudo, vou passar o dia nessa lenga-lenga com minhas pacientes.
b) Só peço permissão quando acho que o procedimento vai doer.
c) Não faço nem um exame vaginal sem pedir permissão, pois o corpo é seu, o parto é seu. Meu dever é fazer o melhor, desde que você me permita e entenda o que está acontecendo.
d) Depende do dia, pois às vezes depois de 2 plantões seguidos, eu fico meio impaciente.

7) Qual é a sua taxa de cesáreas?

a) Não sei, não tenho contado ultimamente... Se é alto? Não considero alto, porque hoje em dia as mulheres só querem cesárea. A culpa não é minha. Elas já chegam com uma idéia pré-concebida.
b) Minha taxa de cesárea é baixa, cerca de 40-45%...
c) A taxa é de 20%.. De partos normais..
d) Minha taxa de cesárea está perto de 25%, o que ainda considero alta, mas estou tomando algumas providências para tentar baixar para os 15% recomendados pela Organização Mundial da Saúde

8) Posso levar meu marido e uma acompanhante (doul a) para o meu parto?
a) Por mim você pode levar qualquer pessoa que faça você se sentir segura e tranqüila.
b) Porque? Você vai dar uma festinha no centro obstétrico? Quer ver seu marido desmaiando? Eu acho que um acompanhante já é muito.
c) Pode levar só o marido, mas só depois que ele fizer a preparação comigo, porque eu quero um aliado, não um inimigo me vigiando.
d) Não, eu acho que acompanhantes atrapalham, perturbam o ambiente, fazem muita pergunta, deixam a mulher insegura, ficam questionando o médico. Eu não atendo a família, eu atendo a gestante!

9) Você acha possível um parto normal depois de uma cesárea?
a) Você está louca? Quem andou falando uma bobagem dessas para você? Deixa disso, minha filha, isso é coisa de natureba inconseqüente.
b) É possível, mas tem que usar fórceps para não ter um período expulsivo prolongado.
c) É possível se o trabalho de parto não passar de 4 horas.
d) É possível e é uma ótima opção, com grandes chances de dar certo.

10) Você acha que tendo uma gestação de baixo risco posso ter meu bebê em casa?
a) Sim, o local do parto deve ser escolhido por você e seu marido. Se essa f or sua opção, devemos tomar algumas precauções, como ter um hospital relativamente perto para o caso de precisarmos de remoção. Mas geralmente não há necessidade.
b) Sim, mas eu não atendo partos domiciliares. Posso tentar te indicar um médico que faça.
c) Você enlouqueceu? Quer matar seu bebê? Quer se matar? Já pensou como é agradável sangrar até a morte com sua família te olhando sem ter o que fazer?
d) Sim, mas é muito arriscado. Muito mesmo. Você está com idéias muito românticas sobre o parto. Deveria fincar os pés no chão.

11) Devo fazer um curso de preparação para o parto?

a) É bom, não porque você não sabe o que é certo, mas o curso vai te dar dicas preciosas, vai te dar boas sugestões para um parto agradável, vai te dar dicas de amamentação. No mais, você vai entrar em contato com outras gestantes, o que pode ser uma experiência bastante enriquecedora.
b) Bobagem. Na hora eu te digo o que é certo ou errado. Eu estudei 10 anos, pratiquei mais 15 e te garanto que sei fazer um parto. É só você ficar deitada quietinha que tudo vai dar certo.
c) Faça apenas o curso do hospital, para saber onde é a entrada, como são as rotinas do hospital, como se comportar e o que esperar.
d) Tanto faz. Você também pode ler essas revistas para mãezinhas que tem todas as dicas que você precisa de enxoval, decoração, exames médicos e tal.

12) Quantos exames de ultrassom eu devo fazer ao longo da gestação?
a) O ideal é fazer em todas as consultas e por isso eu já tenho um aparelho aqui no consultório. A gente já vai vendo a carinha do bebê, como ele se mexe, todas as partes do corpo e tudo o mais.
b) Você deve fazer pelo menos 4 para ver se o crescimento do bebê está bom.
c) Eu recomendo fazer o menor número possível de exames, pois ainda não foi totalmente provado que o ultrassom é inóquo. Algumas pesquisas apontam para uma posssível alteraçao no cérebro em bebês que passam por muitos exames na gestação. Só vou pedir esses exames se tivermos que confirmar algum diagnóstico.
d) O máximo que o seu plano de saúde permitir antes de vir aqui me atazanar a paciência.


Resultados - some os pontos:
1- a(2) / b(1) / c(2) / d(3)
2- a(1) / b(3) / c(2) / d(2)
3- a(1) / b(2) / c(3) / d(1)
4- a(3) / b(1) / c(2) / d(1)
5- a(1) / b(4) / c(2) / d(3)
6- a(1) / b(2) / c(3) / d(1)
7- a(1) / b(2) / c(1) / d(3)
8- a(3) / b(1) / c(2) / d(1)
9- a(1) / b(2) / c(2) / d(3)
10- a(3) / b(2) / c(1) / d(2)
11- a(3) / b(1) / c(2) / d(1)
12- a(1) / b(2) / c(3) / d(1)

Se seu médico fez entre 12 e 20 pontos: Fuja, saia correndo, ligue dizendo que você não está grávida, era um engano, foi apenas má digestão. Você tem certeza que ele tem um diploma válido em território nacional? Ter um parto com esse médico e sair ilesa é tão garantido quanto acertar na Megasena, sem ter comprado um bilhete.

Se seu médico fez entre 21 e 30 pontos:
É melhor você trocar de médico e procurar alguém mais antenado com as novas tendências em atendimento obstétrico. Seu médico pode até ser bem intencionado, mas definitivamente é mal informado. Pode ser que dê um bom ginecologista, mas como parteiro deixa muito a desejar!

Se seu médico fez entre 31 e 37 pontos:
O cara é fera, conhece e aplica as recomendações da Organização da Saúde e as evidências científicas. Aparentemente evita procedimentos médicos que podem atrapalhar o trabalho de parto. É respeitoso e honesto. Parece um cara do bem, um bom partido. Me arruma o telefone dele?


O Parto na Suécia

A Suécia é um país que encara a gestação e o parto como fenômenos naturais na vida de uma mulher. Quem dá assistência às mulheres são as parteiras, com formação específica para esta função. A cesariana é reservada para os casos onde é realmente necessária, sendo que a taxa nacional é de 11%. Abaixo segue o relato de uma brasileira que morava na Suécia quando nasceu seu primeiro filho.
Quando você engravida aqui, é encaminhada a uma parteira do servico de saúde entre a 8a e 10a semana. Ela faz exames de urina e sangue na hora para determinar grupo sanguíneo, taxa de glicose e o que mais se possa descobrir, e preenche um extenso formulário com informacões sobre seu histórico de doencas, alergias, partos ou gravidezes anteriores, hábitos como fumo, álcool, doencas genéticas na família etc. Ela também prescreve ácido fólico, cálcio e ferro se for o caso, eu dessa vez já estava tomando um composto desenvolvido especialmente para mulheres em idade fértil que já contém todas essas gostosuras.
Essa é uma consulta bem longa, onde grávida e parteira tentam se conhecer melhor, e caso a grávida não se sinta à vontade com sua parteira, pode pedir para ser atendida por outra.
Aqui todo atendimento médico a mulheres e criancas até os 20 anos é gratuito. Quer dizer, financiado por nossos impostos, que são altos mas que a gente sabe onde vão parar, ao contrário de certos outros países. As únicas coisas que pagamos foram a foto do ultra-som e três diárias de valor quase simbólico pro meu marido no hospital quando nosso filho nasceu. Num país com falta de bebês o governo faz de tudo para incentivar as pessoas a terem filhos...
Lá pela 12a semana se faz um exame ginecológico e se eu me lembro bem mais um no final da gestacão. Se tudo está em ordem, a mulher tem menos de 35 anos e nenhum caso de problemas genéticos na família, se faz um ultra-som lá pela 18a semana. Um só durante toda a gestacão. Se a mulher quer fazer mais um tem que pagar do próprio bolso, mas a enfermeira que faz o exame nunca revela o sexo do bebê, entre outros motivos porque já houve casos de engano.
A partir da metade da gestacão as consultas com a parteira comecam a se tornar mais freqüentes. Não me lembro bem, mas devem ser de duas em duas semanas. Depois mais para o fim são semanais e se passarem mais de duas semanas do dia previsto para o parto, se faz uma avaliacão para ver como estão a placenta e o bebê, e dependendo do caso, o parto é induzido com ocitocina.

Durante a gravidez os pais (sim, papais também) participam de um curso preparatório (se quiserem), no meu caso foram uns 7 encontros de umas duas horas cada com outros seis casais. O legal é que eles juntaram todos os casais que moravam no mesmo bairro, de modo que a gente continuou se encontrando mesmo depois dos nascimentos, às vezes na rua passeando com os nossos tesourinhos, às vezes no consultório da enfermeira que atendia todas as criancas do nosso bairro.

Em um dos encontros (pré-parto) veio um representante do Serviço Social e catou todos os pais pra ter um papo sério com eles. Lembrou aos pais que as mães estavam num estado muito especial e que tivessem muita paciência e compreensão com elas. Que aprendessem a dialogar em vez de brigar e que não ficassem ofendidos se no comeco eles se sentissem deixados de lado pela mãe.
A razão é que o número de divórcios na Suécia é muito alto, e a maioria dos divórcios acontece no primeiro ano de vida do filho, justo quando acontecem as maiores transformacões na vida de um casal. O problema do governo é que muitas das mães que se separam acabam se tornando dependentes de ajuda econômica para conseguirem pagar suas contas. O governo prefere então cortar o mal pela raiz por meio de campanhas como essas.

O que eu não gostei muito foi o fato de você não ter a mesma parteira durante a gravidez e depois na hora do parto. O problema é que o sistema de atendimento à mulher (esteja ela grávida ou não) é separado dos hospitais. As parteiras têm a mesma formacão, mas algumas escolhem trabalhar nos centros de atendimento enquanto as outras trabalham nos hospitais.
Mas tive uma sorte tremenda! Ambas as parteiras que me atenderam foram fantásticas, cada uma a seu modo. Se você quer oferecer um atendimento de alta qualidade a toda populacão, não só aos que tem meios pra pagar, talvez esse seja o preco a pagar. Algo pra nós no Brasil pensarmos.

O Parto na Holanda

Na Holanda, 35% de todos os bebês nascem em casa. Lá, o parto domiciliar é quase rotina. A taxa de cesárea é menor que 10%. A gravidez tende a ser vista como uma fase especial na vida de uma mulher e não como uma doença. O parto é visto como um processo normal: doloroso mas compensador. O uso da anestesia peridural ainda é raro e cursos de preparação para o parto (normal) proliferam...
Os partos de baixo risco são acompanhados por obstetrizes, que costumam trabalhar em cooperativas de 3. É possível optar por um parto domiciliar ou um parto hospitalar, sempre com a obstetriz. Lá, a obstetriz não é uma enfermeira com especialização obstétrica, como aqui. Para tornar-se obstetriz, é necessário fazer um curso superior específico que dura 4 anos. Existem 3 escolas de obstetrizes no país e cada uma recebe por volta de 40 alunas por ano (a Holanda é um país pequeno de apenas 15 milhões de habitantes). A formação é considerada tão boa que os estudantes de medicina aprendem a fazer parto normal com elas. Ao se formar a obstetriz é registrada junto ao estado e pode escolher trabalhar só com partos domiciliares ou então no hospital.
O obstetra só entra em cena quando há alguma indicação médica específica, ou seja, quando a gestação é de risco. É ele quem faz a cesárea, quando necessária. As obstetrizes também não podem usar nem o fórceps nem o vácuo-extrator. As relações entre obstetras e obstetrizes são, em geral, boas, caracterizadas por um respeito mútuo. Existe um sistema de graduação usado para indicar o "grau de risco" da mulher. Grau "A" quer dizer que a mulher será atendida por uma obstetriz; "B" significa supervisão de um obstetra; "C" quer dizer que a mulher será atendida exclusivamente pelo obstetra e "D" significa um parto no hospital mas atendido por uma obstetriz.
No parto domiciliar, o atendimento é realizado exclusivamente pela obstetriz e uma enfermeira-auxiliar. Depois do parto, ela (a obstetriz) cuida da mãe, avalia a placenta e o bebê (não há pediatra presente) e vai embora umas 2 horas depois. A auxiliar fica com a mãe e a obstetriz volta nos dias seguintes para ver se está tudo bem.
A enfermeira-auxiliar dá 8 dias de assistência pós-parto, tanto depois do parto hospitalar quanto depois de um parto em casa. Ela passa 8 horas por dia na casa da nova mãe, cuidando dela, de seu bebê e até da casa! Seu papel consiste em ensinar os cuidados com o bebê, receber as visitas, preparar as refeições e também limpar a casa.


Uma ótima entrevista p as mamães se decidirem...


Alguns videos de Partos Naturais...


http://www.youtube.com/watch?v=yvozQYrS3Tc&feature=player_embedded

http://www.youtube.com/watch?v=LXC0Op5VHTo&feature=player_embedded

http://www.youtube.com/watch?v=DUlFrzP4g04&feature=player_embedded

http://www.youtube.com/watch?v=Gt7q9JJK9xc

4 comentários:

  1. vc ta de parabens sempre tive medo de ter filhos pensando na minha aparencia fisica depois do parto mais vendo como as maes ficam felizes ate anima ter filhos realmente deus fez tudo perfeito, e vc mostrou como é lindo parabens....
    denise pacheco silva

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    1. obrigada pela visita e se anima a ter babys sim porq é muito bom...
      bju bju ;-)

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  2. muito massa mesmo recomendei para minha amada que provavelmente espera um MENINÃO ... he he he eu sou um meninão tbm...

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oiii...é um prazer ler seus comentários,pode dizer o que pensa de verdade...bjuuu***